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O Lençol Amarrotado de um Amor que Já Foi

  • 12 de jul.
  • 1 min de leitura

Ainda está ali, dobrado de qualquer jeito no fundo da gaveta.

O lençol.

Já teve dias de sol e noites longas demais. Já ouviu promessas sussurradas no escuro e também silêncios pesados como pedra.

Às vezes, quando o puxo sem querer, sinto o cheiro antigo do que fomos. Um perfume que talvez nem exista mais — mas que insiste em visitar.

Aquele lençol guardou corpos enlaçados, pés que se tocavam só pra dizer: tô aqui. E agora, guarda dobras que nem o ferro resolve — marcas do tempo, da ausência, do que ficou por dizer.

Não tenho coragem de jogá-lo fora. Talvez porque ele não seja só tecido. Talvez porque, ali no meio do algodão e das memórias, ainda exista um lugar onde a gente ainda se ama… mesmo que só um pouquinho.

Mesmo que só por lembrança.

 

Para quem ainda sente o que já não está. — C.R.

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